O luto é uma experiência universal, mas nunca vivida da mesma forma por duas pessoas. Cada sujeito lida com a perda a partir da sua história, da sua rede de apoio e do significado que aquele vínculo tinha em sua vida. Por isso, não existem manuais ou prazos que determinem como deve ser atravessada essa dor.
Muitas vezes, a sociedade pressiona para que o enlutado “siga em frente” rapidamente, como se o sofrimento pudesse ser controlado por datas. No entanto, a psicanálise nos mostra que o tempo do luto é subjetivo e que cada pessoa encontra sua própria forma de elaborar a ausência.
O luto não se resume apenas à morte de alguém. Pode surgir em separações, mudanças, despedidas de fases da vida ou até na perda de uma expectativa. Em todos esses casos, há um processo de reorganização interna que precisa ser respeitado.
Na clínica, o trabalho com o luto envolve acolher sentimentos contraditórios: amor e raiva, dor e alívio, saudade e esperança. A escuta permite que esses afetos circulem, sem julgamento, abrindo espaço para que, aos poucos, a vida volte a ganhar cor.
O luto não significa esquecer ou substituir quem se foi, mas ressignificar a relação. É carregar consigo aquilo que foi vivido, transformando a dor em memória e, quando possível, em aprendizado. Cada ciclo de perda também abre a possibilidade de reconhecer a própria força e a capacidade de seguir vivendo, ainda que de um jeito diferente.